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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Celina Leão - Valorização do policial militar




O impasse do Governo do Distrito Federal (GDF) com os policiais militares é tema de artigo da deputada Celina Leão (PDT). Para ela, o bom funcionamento da segurança pública está atrelado à valorização dos profissionais envolvidos - o que, em sua opinião, tem sido ignorado pelo GDF. "Enquanto o governo finge não saber da insatisfação dos policiais, a categoria segue revoltada e desmotivada", lamenta.



Dentro de uma democracia se faz necessário representatividade política para o crescimento e a sobrevivência de qualquer segmento. Uma das instituições mais importantes que compõe a Segurança Pública do Distrito Federal ficou enfraquecida nos últimos quatro anos em decorrência do não cumprimento de acordos feitos para a eleição do atual governo. A tropa viu as mais diversas categorias do serviço público serem contempladas com seus planos de carreira, enquanto foi deixada de lado.
Os milhares de homens e mulheres que integram a instituição Polícia Militar viam no atual governo uma das maiores chances de representatividade de toda a sua história; no entanto, foram enganados, as promessas não foram cumpridas, não houve valorização da tropa e logo veio uma revolta explicita tanto nas ruas, quanto nas redes sociais.
O único instrumento de pressão legítimo para qualquer categoria é a greve, mas isso não vale para os militares, que adotam apenas a chamada "operação padrão" e assim fizeram, mas o governo fechou os olhos para a categoria que clamava por diálogo, valorização e reconhecimento.
Neste impasse, o DF viveu um dos piores momentos no quesito segurança, os números subiram assustadoramente: homicídios, roubos, sequestros relâmpagos e toda sorte de crime. A "operação padrão" mostrou a importância do trabalho dos policiais e bombeiros militares. Mas nem com o caos instalado na cidade o governo cogitou cumprir os compromissos assumidos com os policiais, pelo contrário, em atitudes que remetem à ditadura, ele usou a força e chegou a prender inúmeros policiais que usavam blogs e redes sociais para cobrar do governo a postura de honrar compromissos.
Não foi só a categoria que se revoltou com o descaso do governo. Em 2013 pedi o impeachment do governador do DF, Agnelo Queiroz, por corrupção eleitoral, justamente pelo anúncio das 13 promessas de campanha aos profissionais da segurança pública, que não foram cumpridas.
Muitos movimentos foram feitos: caminhadas, assembleias e reuniões em prol do maior anseio da categoria, o plano de carreira ou reestruturação. Os praças, que compõem a maioria da corporação, já tinham esboçado um projeto que atendia às reivindicações de todos, inclusive dos inativos, mas sorrateiramente foram, mais uma vez, enganados. O governo preferiu sentar com a minoria formada por oficiais, para então traçar um novo plano, como uma retaliação pelos meses de "operação padrão" liderada por praças.
A nova proposta massacra os praças, que não serão mais promovidos por mérito, mas por avaliação do seu superior, é a volta do apadrinhamento. Os coronéis passam a ser chamados de Vossa Excelência, e os policiais que conduzem as viaturas serão chamados de patrulheiros. São formas de humilhar aqueles que tão somente lutaram por melhores condições de trabalho. Os policiais esperam um projeto que seja de excelência e justo e não esse, que volta ao coronelismo, aos feitores e "mãos de ferro", um projeto que privilegia parte da categoria em detrimento de outra.
Os praças já manifestaram publicamente que a proposta de reestruturação aprovada pelo governo não os atende, mas têm sido ignorados. Em recente entrevista, o governador Agnelo teve a coragem de declarar que desconhece a insatisfação dos praças, uma atitude lamentável.
A segurança pública só será eficaz com profissionais valorizados, motivados e bem remunerados, não adianta quantidade de homens na rua se eles não forem reconhecidos como esperam. Enquanto o governo finge não saber da insatisfação dos policiais, a categoria segue revoltada e desmotivada. Esta é a outra face da verdadeira situação da segurança no DF, que não está na propaganda eleitoral de Agnelo Queiroz.
*Celina Leão é deputada distrital pelo PDT
Fonte: CLDF

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